quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Vamos conversar?



Essa semana um assunto tem surgido várias vezes na minha timeline do facebook:  setembro amarelo, que  é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, e tem causado muita polêmica por aí, seja com a desconsideração por parte da sociedade ou o preconceito que vem das próprias pessoas que já passaram ou passam por algum distúrbio. 





Felizmente a campanha está crescendo, várias pessoas compartilham, postam e comentam sobre ela. Muita gente falando que está aberta a apoio, disposta a ajudar e tudo o que precisarem, isso é bom, claro, só não se esqueçam que quando o mês acabar, todos os casos ainda continuam, ok? 
Bom, não estou aqui para desmerecer a boa ação de ninguém, só quero explicar que pessoas que sofrem algum distúrbio precisam SEMPRE ser amparadas e necessitam um pouquinho a mais de atenção, sabe aquele seu amigo que teve depressão e você acha que está tudo bem com ele? Não ignore o fato que ela pode voltar a qualquer momento, então preste atenção nos detalhes, a gente sempre tenta mascarar a angústia para não preocupar os outros. 
Terminei esse paragrafo em primeira pessoa pois faço parte desse grupo, tenho síndrome do pânico, crises de ansiedade e já tive início de depressão. 
Pois é, a lista das minhas doenças mentais é um pouco extensa, e hoje posso dizer que não é nem um pouco fácil lidar com elas, mas sempre, seeeeeeempre procure ajuda, seja com seus pais, família e amigos, procure um médico porque como toda doença, tem um tratamento e na maioria das vezes, os remédios podem te ajudar (e muito). 
Sempre me perguntam como esses distúrbios surgiram, e eu posso dizer honestamente que foram na adolescência, fase não muito agradável para uma gordinha que não gostava de se vestir de acordo com os padrões de uma escola de “elite”.  Lembro que uma vez quando cheguei na sala de aula, ao sentar na cadeira comecei escutar muito insultos, de uma única pessoa, e quando percebi o que estava falando fiquei em choque, estava dizendo para que eu saísse da cadeira pois aquela lugar já era de outra pessoa ( até aí eu fiquei tipo ~WHAT?~  quem é que grita e faz escândalo porque alguém sentou na cadeira que supostamente já tinha “dono”?), tentei argumentar que não havia ninguém ali quando fui sentar, até porque estávamos no primeiro colegial, e francamente colocar nomes nas carteiras é ideia de maternal. Mas o pior estava por vir, o Bully ( de bullying, ok?)  começou a gritar várias palavras horríveis, inclusive falando que gordas como eu não podiam sentar na frente e por aí vaí. Na hora eu fiquei tão chocada que não pude acreditar no que estava acontecendo, uma amiga viu o que tinha ocorrido e me chamou para sentar perto dela. Desde então aquele ano foi o pior da minha vida, cheguei a faltar umas duas semanas na aula por causa de vários eventos parecidos com esse, foi aí que percebi que tinha algo errado, não só eu como minha mãe foi a primeira a notar que eu precisava de ajuda. Depois de um tempo com tratamento a base de florais as coisas começaram a melhorar, mudei de escola, e aprendi a ser mais confiante, usar as roupas que eu queria sem vergonha de ser quem eu sou e o mais importante: Não gosta do meu jeito?  FOOODAAAA-SE!!!  (momento de baixo calão, me desculpem, mas é LIBERTADOR) 



O anos passaram e mais uma vez me vi sentindo coisas estranhas, acordava no meio da noite passando mal,  não sentia meu corpo, sensação de estar morrendo, formigamento, náuseas e muuuuita mas muita dor de cabeça. Eu não entendia o que estava acontecendo, estava bem, estudando, fazia cursinho, tinha minha família, casa, amigos... Até que conversando com um dos médicos que me atendeu nas inúmeras vezes que fui ao pronto socorro no meio da noite, ele sugeriu que estivesse estressada por causa do vestibular, afinal depois de dois anos de cursinho eu estava cansada e desanimada com vida, só que achar a causa não faz com que os sintomas passem, então lá fui eu conversar com a psiquiatra, que me ajudou muito e até hoje me ajuda e acompanha meu tratamento, afinal a gente nunca pode descuidar. 
E finalizando o que eu queria passar pra vocês hoje é que não desistam, em todos esses anos já se passou pela minha cabeça aquela frase perigosa de “ O que é que eu estou fazendo aqui, não sirvo pra nada mesmo....” e por aí vai, confesso que nunca cheguei a nenhuma tentativa de acabar com isso, mas foi porque eu tive ajuda, e rápido. Mas muitas pessoas não têm e as histórias nem sempre acabam bem. Por isso eu peço para você que está em um momento difícil,  acredite que vai melhorar, nossas tristezas e nossos problemas são temporários, não desista, coisas melhores virão e você precisa estar vivo para realizar, não ache que você é um problema para sua família e amigos, eles estão ao seu lado e tem a obrigação de estar lá, assim como você também tem a de cuidar deles um dia se precisarem. Na vida, tudo é compartilhado, as alegrias e principalmente as tristezas, então não tenha medo de pedir ajuda, telefona, manda uma mensagem, se for preciso GRITE, mas nunca perca as esperanças de viver! 


Beijos, 



Carol Pelicano

Um comentário:

  1. Linda....como sempre, muito importante, só que teve ou tem depressão, sabe a importância de suas palavras....

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